quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

NOVELAS NO ESPORTE...

Lebron James no basquete, Ronaldinho no futebol...

As novelas envolvendo astros do esporte estão virando rotina nesses ultimos tempos. Afinal, isso distrai o torcedor para o bem ou para o mal? Uns dizem que gostam de acompanhar especulações e de ficar imaginando como seria ver esse ou aquele jogador com a camisa do time do coração. Outros acham que isso tira o foco do principal assunto que é a bola dentro das quatro linhas. Cada um pode ter opinião própria sobre o assunto, porém não podemos negar que uma coisa é inquestionável: a capacidade das novelas em transformarem relações de 'super-atletas' com seus fãs.

Alguns dias atrás, entrei na pagina principal de um site esportivo muito bem acompanhado por todo o país e me deparei com a seguinte manchete: 'Novela Ronaldinho Gaúcho: siga em tempo real/acompanhe todos os detalhes da escolha do craque!' (fonte: www.globoesporte.com) Nessa hora, estava sendo realizada a reunião que cumulou na liberação do Milan para que Ronaldinho voltasse a atuar no Brasil. Mas ao final da reunião, mais uma vez o destino do jogador a partir dessa temporada não foi anunciado, frustrando milhões de torcedores. Foi comparável a um capítulo de novela onde o 'noveleiro' assiste até o fim esperando por um clímax dos mais emocionantes e sai chateado da sala porque não descobriu quem matou quem por exemplo.

Ao menos parece que Ronaldinho não chegará ao ponto de Lebron James, que no mês de Julho passado pediu para anunciar em rede nacional de televisão a escolha de seu próximo time em entrevista exclusiva de uma hora, ao vivo. Quanto a Lebron, as especulações começaram bem antes disso. Desde o momento que Lebron não se comprometeu a longo prazo com o seu (agora ex-) time do Cleveland Cavaliers, rejeitando um prolongamento de seu vinculo, alguns jornalistas já ensaiavam os primeiros capítulos da novela, publicando situações onde James poderia mudar de time e, caso mudasse, para que time ele iria, como ficaria o seu novo time com ele em quadra etc.

Ao menos, Ronaldinho não foi anunciar o seu futuro destino em rede nacional, tampouco ao vivo na televisão, porém não deixou de ser uma novela prá lá de badalada.

As semelhanças não param por aí, até porque essas novelas são emblemáticas, pois são carregadas de sentimentos profundos (como as telenovelas). Lebron nasceu em Akron, cidade ao lado de Cleveland no estado Americano de Ohio. Sua relação com a cidade portanto, era intima. Ele sentia que tinha uma divida com sua cidade 'natal', porque Cleveland não vê um time profissional conquistar um título desde 1964. Além disso, é uma cidade considerada azarada, amaldiçoada, castigada ou mal-assombrada. Os seus times foram vítimas de diversas jogadas estranhas que acabaram prejuidcando os times locais em fases decisivas ou decisões de campeonatos. Cenas tão emblemáticas que levaram apelidos; "The Catch" (beisebol), "The Drive" e "The Fumble" (futebol americano), "The Shot" (basquete) para citar as mais famosas. Todas essas jogadas aconteceram em momentos dramáticos e foram decisivas para eliminações ou perdas de títulos dos times de Cleveland. Por isso tudo, a decisão de Lebron entrou no "Hall of Shame" (hall dos 'vexames') como "The Decision" ('A Decisão' ou A Escolha'). Ele tinha transformado os Cavaliers; (até então sem tradição), numa equipe preparada para disputar títulos e abandonou o barco antes desse sonho se concretizar. Isso sem
sombra de dúvida, mexe mais do que nunca com torcedores apaixonados e sofridos há vários anos.

Ronaldinho também leva nas costas uma dívida com o time da sua cidade natal. No caso do craque dentuço, foi uma saída prematura pela porta dos fundos do Grêmio, que deixou a torcida muito contrariada. E agora, quase 10 anos depois, a torcida queria que Ronaldinho reconhecesse essa dívida e voltasse a atuar pelo clube do coração, sendo o protagonista de jogadas e atuações brilhantes e conquistando títulos. Assim como os Cavaliers com Lebron, o Grêmio estava no páreo por Ronaldinho, mas existiam outras opções que poderiam muito bem interferir na imagem dele. Claro, que a questão empresárial também influenciou, e Assis saiu como grande vilão da história, mas Ronaldinho não é grande o suficiente para fazer prevalecer a sua própria vontade e não colaborar para os interesses de 'terceiros'? Ou seja, se ele queria realmente voltar ao Grêmio, por que não bateu o pé e ficou irrédútivel frente ao Milan e seu irmão e procurador. Afinal, quantas vezes já ouvimos a velha máxima que: 'A vontade do jogador sempre prevalece...'.

Será que já nos esquecemos que para encontrar uma situação parecida, não precisamos olhar para longe e outra modalidade esportiva. Será que já nos esquecemos do caso Ronaldo há 2 anos, quando deixou o 'clube do coração' no vácuo enquanto abraçava outros Fiéis. Pois Ronaldinho fez algo parecido, porém com vários capítulos a mais que o seu xará Fenômenal. Deixou o seu 'clube do coração' na mão e acertou com um rival nacional. Lebron o fez em busca de um time vitorioso. Não teve paciência para realizar o que todos esperavam dele, um título para Cleveland. A massa que o aclamava passou imediatamente a queimar camisas dele. ("déjà vu" de torcedores do Flamengo há 2 anos, não é?)

Enfim, essas novelas fascinam torcedores ou ao menos uma parte deles, mas a que custo? No fim, uns saem vencedores, e outros vários, perdedores. E o jogador? Hoje em dia, mais do que nunca, a imagem vale ouro. (popularidade = patrocínios e propagandas = dinheiro) Não seria melhor para o jogador (e o empresário, é claro) ter um mínimo de bom senso e saber que, ao iniciar e protagonizar uma novela dessas, ele está colocando sua própria imagem em risco pois vai ser amado por alguns e odiado por muitos outros. Pelo menos, até o começo da próxima novela...

2 comentários:

  1. Muito boa analogia!
    Exceto pelo fato que Lebron saiu para um time vencedor (hehehe, dá-lhe Fluzão )

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  2. É bom tomarmos cuidado com as cobranças feitas a atletas profissionais.
    Não acredito em "dívidas" de atletas para com seus clubes ditos formadores.
    Um clube forma um atleta para atender a seus interesses. É sempre uma via com duas mãos e o ideal é que ninguém deva nada a ninguém.
    Ronaldinho, Kaká e outros casos resumem-se a transações profissionais em que uma parte procura o que é melhor para si.
    As dívidas "de coração" também não me comovem. Acho bonito e coisa e tal, mas temos sempre que nos colocar no lugar do atleta e pensar o que nós faríamos naquele caso. Ou, melhor ainda, é bom pensar o que faríamos se fôssemos o pai, irmão, marido, filho...
    Trabalhei em várias empresas, fiz minha parte, fizeram a parte delas e ponto.

    Belo blog e bem escrito, parabéns e boa sorte.
    Abração.

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